A noção de resiliência relaciona-se à capacidade, apresentada por sujeitos ou povos, para retomar, de forma produtiva e criativa, o processo de desenvolvimento após ou em meio a situações ou ambientes traumáticos (ou adversos). Após um evento traumático, ou a pessoa passa a viver uma vida tensionada internamente, em que gasta grande parte de sua energia psíquica para se proteger das agressões do mundo, ou então encontra condições, oferecidas pela forma como seu traumatismo é tratado pelo ambiente, de realizar um processo de resiliência, de retomar suas possibilidades de criação de novas oportunidades de viver. 
  Para enfrentar um cotidiano de adversidades traumáticas, é necessário construir um espaço relacional suficiente para que o sujeito se recoloque na dimensão de reinstaurar uma perspectiva de futuro; para retornar à relação: olho no olho, a confiança de que o mundo cuida. Segundo Boris Cyrulnik, esse processo estaria ligado a três aspectos fundamentais: 
a)a aquisição de recursos internos que se desenvolvem desde os primeiros meses de vida; 
b)o tipo de agressão, ferida, falta e, sobretudo, a significação dessa ferida no contexto da pessoa; 
c)os encontros, as possibilidades de apoio e ressignificação da experiência traumática. 
  Poderíamos acrescentar: a possibilidade de encontrar um meio de expressão para a intensidade emocional da experiência traumática através da arte, da cultura ou do esporte; a importância de cada encontro, que pode trazer a possibilidade de vislumbrar outras formas de lidar com a adversidade, encontrada na experiência de outras pessoas, e que pode revelar capacidades próprias antes desconhecidas.